Jó 9

19 Jó disse em resposta:
2“De fato, sei que é assim. Mas como o homem mortal pode ter razão numa causa contra Deus?
3Se alguém quisesse argumentar com Ele, Não conseguiria responder nem sequer uma de mil perguntas que Ele fizesse.
4Ele tem coração sábio e grande poder. Quem pode se opor a ele e sair ileso?
5Ele desloca montanhas sem que ninguém saiba; Ele as destrói na sua ira.
6Faz a terra tremer e sair do seu lugar, De modo que as suas colunas estremecem.
7Ele ordena ao sol que não brilhe, E bloqueia a luz das estrelas;
8Estende sozinho os céus, E pisa nas ondas altas do mar.
9Ele fez as constelações de Ás, de Quesil e de Quima, E as constelações do sul.
10Faz coisas grandiosas e insondáveis, Coisas maravilhosas que não podem ser enumeradas.
11Ele passa por mim, e não consigo vê-lo; Passa perto de mim, mas eu não percebo.
12Quando ele se apodera de algo, quem pode impedi-lo? Quem pode dizer a ele: ‘O que estás fazendo?’
13Deus não refreia a sua ira; Até os ajudantes de Raabe se curvam diante dele.
14Quanto mais se eu lhe respondesse; Teria de escolher cuidadosamente minhas palavras para argumentar com ele!
15Mesmo que eu tivesse razão, não lhe responderia, Eu só poderia implorar misericórdia ao meu juiz.
16Se eu clamar a ele, será que me responderá? Não acredito que ele escutará a minha voz,
17Pois ele me esmaga com uma tempestade E multiplica os meus ferimentos sem nenhum motivo.
18Ele não me deixa tomar fôlego, E me enche de coisas amargas.
19Se for uma questão de poder, Ele é o poderoso. Se for uma questão de justiça, ele diz: ‘Quem pode me chamar para prestar contas?’
20Se eu tivesse razão, minha própria boca me condenaria; Mesmo que eu mantenha a integridade, ele me declarará culpado.
21Mesmo que eu mantenha a integridade, não sei o que acontecerá comigo; Eu rejeito esta minha vida.
22Não há diferença. É por isso que eu digo: ‘Ele destrói tanto os inocentes como os maus.’
23Se uma enxurrada causasse a morte repentina, Ele zombaria do desespero dos inocentes.
24A terra foi entregue aos maus; Ele fecha os olhos dos juízes. Se não é ele, então quem é?
25Agora meus dias são mais velozes do que um corredor; Eles fogem sem ver o que é bom.
26Deslizam como barcos de junco, Como águias que mergulham sobre a presa.
27Se eu dissesse: ‘Vou esquecer a minha queixa, Vou mudar o meu semblante e ficar animado’,
28Eu ainda ficaria com medo por causa de todas as minhas dores, E sei que não me considerarias inocente.
29Eu seria considerado culpado. Então por que lutar em vão?
30Se eu me lavasse na água de neve derretida, E purificasse minhas mãos com barrela,
31Tu me mergulharias numa poça de lama, De modo que até minhas roupas me detestariam.
32Pois ele não é homem como eu para que eu possa lhe responder, Ou para nos confrontarmos em juízo.
33Não há ninguém para decidir entre nós, Que possa servir como nosso juiz.
34Se ele parasse de bater em mim, E não deixasse que o seu terror me apavorasse,
35Eu falaria com ele sem ter medo, Pois não é da minha índole falar com medo.