Jó 33

Escuta, pois, Jó, o que tenho a dizer; a cada palavra minha presta atenção.
Eu abro a boca, em minha garganta fala minha língua.
Meu coração dirá sábias palavras e meus lábios falarão com sinceridade
O espírito de Deus me criou* e o sopro do Onipotente me dá vida.
Se podes, responde-me, prepara-te a defender tuas posições.
Diante de Deus sou igual a ti e também eu fui tirado do barro.
Nada tens a temer de mim, nem farei pesar sobre ti minha mão.*
Ora, disseste a meu ouvido – e ouvi bem o som de tuas palavras:
“Eu sou puro, sem pecado,* sou inocente, não tenho culpa;
mas Deus inventa pretextos contra mim e me considera inimigo seu;
prendeu meus pés no tronco* e vigia todos os meus passos!”*
Nisto não tens razão – eu te respondo; Deus, com efeito, é maior que o homem.
Por que debates com ele por não responder a cada palavra tua?†
*
Estar informado traz um sentido de segurança. É natural querer saber o que está acontecendo em nossa vida. Jó queria sabê-lo, queria saber por que estava sofrendo. Em capítulos anteriores, sentimos sua frustração. Eliú declarou que tinha a resposta para a grande pergunta do Jó, "por que Deus não me diz o que é o que acontece?" Eliú disse ao Jó que Deus estava tratando de lhe responder, mas que ele não estava escutando. Eliú julgou mal a Deus neste ponto. Se Deus fora a responder a todas nossas perguntas, não seríamos provados adequadamente. O que tivesse acontecido se Deus houvesse dito: "Jó, Satanás te vai provar e te vai afligir, mas ao final será sanado e te retornará todo"? A prova maior do Jó não era a dor, a não ser o não saber por que sofria. Nossas provas maiores podem ser que devamos confiar na bondade de Deus mesmo que não compreendamos por que nossa vida vai em certa direção. Devemos aprender a confiar em Deus e sua bondade, e não na bondade da vida.
Deus fala ora de um, ora de outro modo, mas não se presta atenção.
Fala no sonho, em visão noturna,* quando o sono profundo cai sobre os homens adormecidos na cama;
abre então o ouvido dos homens e sela a instrução que lhes dá,
para dissuadir o homem do mal e mantê-lo distante do orgulho,
para preservar sua alma da fossa e sua vida da morte violenta.
Corrige-o com a dor em seu leito† e com o tormento incessante em seus ossos;*
a ponto de sentir náusea do pão* e repugnância pelo alimento preferido;
quando sua carne se consome a olhos vistos* e seus ossos, que antes não se viam, aparecem;
quando ele se aproxima da fossa e sua vida da morada dos mortos.
Mas se houver um anjo junto dele, um mediador só entre mil, para mostrar ao homem seu dever,
que tenha piedade dele e diga: “Preserva-o de descer à fossa, encontrei o resgate para ele”;
então sua carne será mais robusta que a de um jovem,* voltará aos dias de sua adolescência.
Suplicará a Deus, que lhe será propício e o fará ver com alegria seu rosto, e devolverá ao homem sua justiça.
Cantará diante dos homens e dirá: “Eu tinha pecado e violado a justiça, mas ele não me puniu como eu merecia;
livrou-me da fossa e minha vida contempla a luz”.
Tudo isto Deus faz, duas, três vezes com o homem,
para tirar sua alma da fossa e iluminá-la com a luz dos vivos.
Presta atenção, Jó, escuta-me; cala-te e eu falarei.
Mas se tens algo a dizer, responde-me; fala, porque gostaria de poder dar-te razão.
Se não, escuta-me; cala-te e te ensinarei a sabedoria.