Jó 32

Aqueles três homens pararam de responder a Jó, porque ele se considerava justo.
Então se acendeu a ira de Eliú, filho de Baraquel, de Buz, da tribo de Ram. Sua ira se acendeu contra Jó, porque este pretendia ter razão contra Deus.
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Eliú é apresentado como 'buzita, da família de Rão'. Buz era filho de Naor, irmão de Abraão (gn22:21). A identificação de 'Rão' é debatida: pode referir-se a Ram, ancestral de Davi (rt4:19), mas alguns estudiosos sugerem que seria 'Aram', indicando origem síria.
Ficou também irado contra seus três amigos porque, não lhe tendo dado resposta, jogavam a culpa em Deus.
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A crítica de Eliú aos amigos de Jó revela uma divergência interna: eles condenaram Jó sem provas (jó42:7-8). Há variações textuais: alguns manuscritos antigos acrescentam 'sem causa' após 'condenavam', possivelmente influenciados pelo hebraico de Jó 2:3.
Eliú tinha esperado, enquanto eles falavam com Jó, porque eram mais idosos que ele.
Mas quando viu que na boca desses três homens não havia mais resposta, sua ira se acendeu.

Eliú se apresenta.

Tomando, pois, a palavra, Eliú, filho de Baraquel, de Buz, disse: Eu sou jovem de idade e vós já sois anciãos; por isso em minha timidez não ousava manifestar-vos meu pensamento.
Eu refletia: Falarão os anos e a idade avançada ensinará a sabedoria.
Mas o que torna inteligente o homem é o espírito, e o sopro do Onipotente.
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A afirmação sobre 'a inspiração do Todo-Poderoso' ecoa o conceito de sopro divino em gn2:7, mas difere da visão dos amigos que enfatizavam a sabedoria tradicional. Eliú prepara o caminho para o discurso divino nos capítulos 38-41.
A idade avançada não dá sabedoria, nem a velhice a compreensão do que é justo.
Por isso eu ouso dizer: Escutai-me; também eu exporei meu saber.
Aguardei vossas palavras, prestei atenção a vossos argumentos enquanto procuráveis respostas.
Eu vos segui com atenção, mas ninguém pôde convencer Jó, nem dar resposta a suas razões.
Não digais: Encontramos a sabedoria; só Deus pode triunfar dele, não um homem!
Não foi a mim que ele dirigiu suas palavras, e não lhe responderei com vossos argumentos.
Estão desconcertados, não respondem mais, faltam-lhes as palavras.
Esperei, mas porque não falam mais, porque estão aí sem resposta,
quero também eu dizer o que penso, eu também darei meu parecer.
Pois tenho muito o que falar, pressionado pelo espírito que mora em mim.
Dentro de mim há como vinho não aberto, como odres novos que vão se arrebentar.
Falarei para desabafar, abrirei a boca e responderei.
Não farei acepção de pessoas, não adularei ninguém.
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O juramento de imparcialidade de Eliú reflete dt10:17, onde Deus não faz acepção de pessoas. Contudo, seu discurso posterior (cap. 34-37) será contestado por alguns estudiosos como tendencioso, defendendo a justiça retributiva como os amigos.
Porque não sei adular; senão meu criador em breve me levaria.