Livro dos Jubileus 16

Anjos aparecem a Abraão em Hebrom e Isaque novamente prometido

E na lua nova do quarto mês aparecemos a Abraão, no carvalho de Manre, e falamos com ele, e anunciamos a ele que um filho lhe seria dado por sua esposa Sara.
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A narração do Génesis diz que Yahweh apareceu a Abraão e logo depois diz: «eis que três homens estavam diante dele». O nosso texto interpreta claramente esta passagem no sentido que se tratava de três anjos: «aparecemos». É omissa a cena em que os três visitantes comem a comida oferecida por Abraão. É omitido Gn 18,22 onde se podia ainda ler «Yahweh estava ainda diante de Abraão». Igualmente desaparece a longa discussão entre Deus e Abraão sobre justiça, até que ponto pode ser punida uma comunidade de iníquos onde se encontrem também justos. São passagens bastante difíceis para uma mentalidade judaica que tem um forte sentido da transcendência do divino e da glória de Deus.
E Sara riu, pois ouviu que tínhamos falado essas palavras com Abraão, e a advertimos, e ela ficou com medo, e negou que tivesse rido por causa das palavras.
E dissemos a ela o nome de seu filho, como seu nome é ordenado e escrito nas tábuas celestiais, ou seja, Isaque,
E (que) quando voltássemos a ela em um tempo determinado, ela teria concebido um filho.

Destruição de Sodoma e livramento de Ló

E neste mês o Senhor executou seus juízos sobre Sodoma, Gomorra, Zeboim e toda a região do Jordão, e Ele os queimou com fogo e enxofre, e os destruiu até hoje, assim como [eu] declarei a você todas as suas obras, que são ímpias e pecadoras em excesso, e que se contaminam e cometem fornicação em sua carne, e praticam impureza na terra.
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Sebuem: trata-se provavelmente da bíblica Seboim, recordada juntamente com Sodoma e Gomorra em Gn 10,19, cf. Os 11,8.
E, da mesma forma, Deus executará juízo nos lugares onde fizeram conforme a impureza dos sodomitas, semelhante ao juízo de Sodoma.
Mas Ló nós salvamos; pois Deus se lembrou de Abraão, e o tirou do meio da destruição.
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Cf. Gn 19,30ss.
E ele e suas filhas cometeram pecado sobre a terra, como não havia sido desde os dias de Adão até o seu tempo; pois o homem se deitou com suas filhas.
E eis que foi ordenado e gravado sobre toda a sua descendência, nas tábuas celestiais, para removê-los e arrancá-los, e executar juízo sobre eles como o juízo de Sodoma, e não deixar descendência do homem na terra no dia da condenação.
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Literalmente, que faça a sua condenação como a condenação de Sodoma.

Abraão em Beer-Sheba: nascimento e circuncisão de Isaque

E neste mês Abraão se mudou de Hebrom, e partiu e habitou entre Cades e Sur nas montanhas de Gerar.
E no meio do quinto mês ele se mudou de lá, e habitou no Poço do Juramento.
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Poço do Juramento, isto é, Bersabeia que na Bíblia é nomeada só no fim desta secção, depois do episódio de Sara e Abimelek que o nosso autor omite pelas dificuldades morais que suscitava.
E no meio do sexto mês o Senhor visitou Sara e fez a ela como havia falado, e ela concebeu.
E ela deu à luz um filho no terceiro mês, e no meio do mês, no momento em que o Senhor havia falado a Abraão, no festival das primícias da colheita, nasceu Isaque.
E Abraão circuncidou seu filho no oitavo dia: ele foi o primeiro a ser circuncidado de acordo com a aliança que é ordenada para sempre.
E no sexto ano da quarta semana viemos a Abraão, ao Poço do Juramento, e aparecemos a ele [como tínhamos dito a Sara que voltaríamos a ela, e ela teria concebido um filho.
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Só de Isaac seria derivada a estirpe que tem o seu nome, portanto a sua verdadeira estirpe. Os seis filhos de que fala aqui o texto são os nomeados em Gn 25,2 que tinham nascido doutra mulher: Ketura.
E voltamos no sétimo mês, e encontramos Sara grávida diante de nós] e o abençoamos, e anunciamos a ele todas as coisas que haviam sido decretadas sobre ele, que ele não morreria até que tivesse mais seis filhos, e os visse antes de morrer; mas que em Isaque seria chamado o seu nome e a sua descendência:
E (que) toda a descendência de seus filhos seria gentia, e seria contada entre os gentios; mas dos filhos de Isaque um se tornaria uma semente santa, e não seria contado entre os gentios.
Pois ele se tornaria a porção do Altíssimo, e toda a sua descendência cairia na posse de Deus, para que fosse ao Senhor um povo para (Sua) posse acima de todas as nações e se tornasse um reino e sacerdotes e uma nação santa.
E seguimos nosso caminho, e anunciamos a Sara tudo o que tínhamos dito a ele, e ambos se alegraram com grande alegria.

Instituição da festa dos Tabernáculos

E ele construiu ali um altar ao Senhor que o havia livrado, e que o fazia se alegrar na terra de sua peregrinação, e ele celebrou um festival de alegria neste mês por sete dias, perto do altar que ele havia construído no Poço do Juramento.
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O elenco das vítimas é diferente aqui e em Nm 29,12ss.
E ele construiu cabanas para si e para seus servos neste festival, e foi o primeiro a celebrar a festa dos tabernáculos na terra.
E durante esses sete dias ele trouxe cada dia ao altar um sacrifício queimado ao Senhor, dois bois, dois carneiros, sete ovelhas, um bode, como oferta pelo pecado, para que ele pudesse expiar por si mesmo e por sua descendência.
E, como oferta de ação de graças, sete carneiros, sete cabritos, sete ovelhas e sete bodes, e suas ofertas de frutas e suas ofertas de bebidas; e ele queimou toda a gordura sobre o altar, uma oferta escolhida ao Senhor por um aroma agradável.
E de manhã e à noite ele queimava substâncias aromáticas, incenso e galbano, e estoraque, e nardo, e mirra, e especiarias, e costum; todos esses sete ele oferecia, triturados, misturados em partes iguais (e) puros.
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Espécie de aroma. Esta precisão falta no livro dos Números. Ela espelha bem as preocupações típicas do judaísmo em manter-se puros dos pagãos. O momento culminante desta política é representado nas providências de Esdras contra as mulheres estrangeiras. É um movimento inovador em relação ao universalismo que se tinha imposto naJerusalém do primeiro sadoquismo. (cf. Is 56,5).
E ele celebrou esta festa por sete dias, regozijando-se com todo o seu coração e com toda a sua alma, ele e todos os que estavam em sua casa, e não havia estranho com ele, nem nenhum que fosse incircunciso.
E ele abençoou seu Criador que o havia criado em sua geração, pois Ele o havia criado de acordo com o Seu bom prazer; pois Ele sabia e percebia que dele surgiria a planta da justiça para as gerações eternas, e dele uma semente santa, para que se tornasse como Ele que fez todas as coisas.
E ele abençoou e se alegrou, e chamou o nome deste festival de festival do Senhor, uma alegria aceitável ao Deus Altíssimo.
E o abençoamos para sempre, e toda a sua descendência após ele ao longo de todas as gerações da terra, porque ele celebrou este festival em sua estação, de acordo com o testemunho das tábuas celestiais.
Por esta razão está ordenado nas tábuas celestiais sobre Israel, que eles celebrem a festa dos tabernáculos por sete dias com alegria, no sétimo mês, aceitável diante do Senhor - um estatuto para sempre ao longo de suas gerações todos os anos.
E para isso não há limite de dias; pois está ordenado para sempre sobre Israel que eles o celebrem e habitem em cabanas, e coloquem grinaldas em suas cabeças, e peguem ramos frondosos e salgueiros do riacho.
E Abraão pegou ramos de palmeiras, e o fruto de árvores bonitas, e todos os dias dando a volta ao altar com os ramos sete vezes [por dia] de manhã, ele louvava e agradecia a seu Deus por todas as coisas com alegria.