Epístola de Barnabé 14

A quem Deus dá sua Aliança?

Muito bem. Porém vejamos: Pesquisemos, para ver se ele deu ao povo a Aliança que prometera - juramento a seus antepassados.
Certamente ele a deu, mas eles não foram dignos de recebê-la, por causa de seus pecados. De fato, o profeta diz: "Moisés jejuou quarenta dias e quarenta noites no monte Sinai, para receber a Aliança do Senhor com o povo.
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O jejum de Moisés por 40 dias e noites no Sinai refere-se a Êxodo 24:18 e 31:18. A quebra das tábuas da Aliança (v.5) é relatada em Êxodo 32:19, vinculada ao bezerro de ouro, simbolizando a infidelidade de Israel.
E Moisés recebeu do Senhor as duas tábuas escritas em espírito pelo dedo da mão do Senhor. Moisés as tomou, e começou a descer, para levá-las ao povo.
Então disse a Moisés o Senhor: 'Moisés, Moisés, apressa-te a descer, pois teu povo, que fizeste sair da terra do Egito, pecou'. Moisés compreendeu que eles ainda tinham feito para si imagens de metal fundido.
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A narrativa do povo adorando imagens fundidas (bezerro de ouro) remete a Êxodo 32. A menção ao 'metal fundido' reflete costumes de idolatria no antigo Oriente Próximo, condenados no Decálogo (Êx 20:4).
Então ele atirou de suas mãos as tábuas, e as tábuas da Aliança do Senhor se quebraram". Moisés, portanto, a recebeu, mas eles não foram dignos dela.
Aprendei como nós a recebemos. Moisés a recebeu como servo, mas o próprio Senhor, depois de sofrer por nós, no-la entregou como povo da herança.
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A distinção entre Moisés como 'servo' e Jesus como 'herdeiro' ecoa Hebreus 3:5-6. A ideia de substituição da Aliança reflete tensões entre cristãos e judeus no século I.
Ele apareceu, para que aqueles levassem ao máximo a medida dos pecados e nós recebêssemos a Aliança mediante o Senhor Jesus, o herdeiro. Jesus foi preparado por ocasião de sua manifestação, para libertar das trevas nossos corações já consumidos pela morte e entregues aos desvios da iniqüidade, e para estabelecer conosco uma Aliança com a palavra.
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A 'libertação das trevas' alude à redenção escatológica (Cl 1:13). A 'Aliança com a palavra' contrasta com a Lei mosaica, seguindo uma leitura cristológica de Jr 31:31-34.
De fato, está escrito que o Pai lhe ordenou libertar-nos das trevas, a fim de preparar para si um povo santo. Diz, portanto, o profeta: "Eu, o Senhor teu Deus, te chamei na justiça, e te tomarei pela mão e te fortificarei.
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A citação é Isaías 42:6-7 (LXX), aplicada cristologicamente. O conceito de 'povo santo' deriva de Êxodo 19:6, reinterpretado para a Igreja (1Pe 2:9).
Eu te coloquei como Aliança de um povo, como luz das nações, para abrir os olhos dos cegos, para libertar das cadeias os prisioneiros e da prisão aqueles que estão nas trevas". Sabei, portanto, de onde fomos libertos!
O profeta diz ainda: "Eis que eu te coloquei como luz das nações, a fim de que sirvas para a salvação, até os confins da terra. Assim diz o Senhor, o Deus que te libertou".
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A citação direta de Isaías 49:6 (LXX) reforça a missão universalista, contrastando com o particularismo judaico. Reflete a autocompreensão da Igreja primitiva como novo Israel.
E o profeta diz ainda: "O Espírito do Senhor está sobre mim e, por isso, me ungiu para anunciar aos pobres o evangelho da graça. Ele me enviou para curar os corações quebrantados, para proclamar aos prisioneiros a liberdade e aos cegos a vista, para anunciar o ano favorável do Senhor e o dia da retribuição, para consolar todos os que choram."
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A citação de Isaías 61:1-2 (LXX) é idêntica à aplicada a Jesus em Lucas 4:18-19. A omissão do 'dia de vingança' (Is 61:2b) mostra ênfase na graça, típica da leitura cristã primitiva.