Daniel 4

14 “Do rei Nabucodonosor a todos os povos, nações e línguas, que moram em toda a terra: Que seja grande a sua paz!
2Tenho a satisfação de declarar os sinais e as maravilhas que o Deus Altíssimo realizou com respeito a mim.
3Como são grandes os seus sinais e como são poderosas as suas maravilhas! Seu reino é um reino eterno, e seu domínio é de geração após geração.
4“Eu, Nabucodonosor, estava tranquilo na minha casa, em prosperidade no meu palácio.
5Tive um sonho que me deixou com medo. Enquanto eu estava deitado na minha cama, as imagens e visões que passaram pela minha mente me amedrontaram.
6Por isso, dei a ordem de que trouxessem à minha presença todos os sábios de Babilônia, para que me revelassem a interpretação do sonho.
7“Então vieram os sacerdotes-magos, os adivinhos, os caldeus e os astrólogos. Quando eu lhes contei o sonho, eles não puderam me revelar a interpretação.
8Por fim veio à minha presença Daniel, que recebeu o nome de Beltessazar (conforme o nome do meu deus ) e em quem está o espírito dos deuses santos, e eu contei a ele o sonho:
9“‘Ó Beltessazar, chefe dos sacerdotes-magos, sei muito bem que em você está o espírito dos deuses santos e que nenhum segredo é difícil demais para você; por isso, explique-me as visões que vi no meu sonho e a interpretação dele.
10“‘Nas visões que passaram pela minha mente enquanto eu estava deitado na minha cama, vi uma árvore no meio da terra, e ela era extremamente alta.
11A árvore cresceu e ficou forte, e o topo dela atingiu os céus; era visível até os confins da terra.
12Sua folhagem era bela, ela tinha frutos em abundância, e nela havia alimento para todos. Debaixo dela os animais selvagens procuravam sombra, nos seus galhos moravam as aves dos céus, e todas as criaturas se alimentavam dela.
13“‘Na minha cama, enquanto eu observava as visões que passavam pela minha mente, vi um vigilante, um santo, que descia dos céus.
14Ele gritou com voz forte: “Derrubem a árvore, cortem os seus galhos, façam cair as suas folhas e espalhem os seus frutos! Que os animais fujam de debaixo dela; e as aves, dos seus galhos.
15Mas deixem o toco com as raízes na terra, com faixas de ferro e de cobre, no meio da relva do campo. Que ele seja molhado pelo orvalho dos céus, e que a sua porção seja com os animais, no meio da vegetação da terra.
16Que o seu coração seja mudado para que não seja mais um coração humano, e lhe seja dado um coração de animal, e passem sobre ele sete tempos.
17Isso é por decreto dos vigilantes e o pedido é declarado pelos santos, para que todos os que vivem saibam que o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser, e estabelece sobre ele até mesmo o mais humilde dos homens.”
18“‘Esse foi o sonho que eu, o rei Nabucodonosor, tive. Agora, você, ó Beltessazar, diga qual é a interpretação, visto que todos os outros sábios do meu reino são incapazes de me revelar a interpretação. Mas você pode fazer isso, porque em você está o espírito de deuses santos.’
19“Nesse momento, Daniel, que recebeu o nome de Beltessazar, ficou pasmado por um instante, e seus pensamentos começaram a amedrontá-lo. “O rei disse: ‘Ó Beltessazar, não permita que o sonho e a interpretação o amedrontem.’ “Beltessazar respondeu: ‘Ó meu senhor, aplique-se o sonho aos que o odeiam, e a interpretação dele aos seus inimigos.
20“‘A árvore que o senhor viu, que cresceu e ficou forte, cujo topo atingiu os céus e era visível a toda a terra,
21que tinha bela folhagem, frutos em abundância e alimento para todos, debaixo da qual moravam os animais selvagens e em cujos galhos residiam as aves dos céus,
22é o senhor, ó rei, porque o senhor se tornou grande e ficou forte; a sua grandeza cresceu e atingiu os céus, e o seu domínio os confins da terra.
23“‘E o rei viu um vigilante, um santo, que descia dos céus e dizia: “Derrubem a árvore e destruam-na, mas deixem o toco com as raízes na terra, com faixas de ferro e de cobre, no meio da relva do campo. Que ele seja molhado pelo orvalho dos céus, e que a sua porção seja com os animais selvagens, até terem passado sobre ele sete tempos.”
24Esta é a interpretação, ó rei; é o decreto do Altíssimo que atingirá o meu senhor, o rei.
25O senhor será expulso do meio dos homens e a sua morada será com os animais selvagens; receberá vegetação para comer, como os touros, e será molhado pelo orvalho dos céus; e passarão sobre o senhor sete tempos, até que reconheça que o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser.
26“‘Mas, visto que mandaram deixar o toco da árvore com as raízes, seu reino lhe será restituído depois que o senhor reconhecer que são os céus que governam.
27Portanto, ó rei, queira aceitar o meu conselho. Afaste-se dos seus pecados fazendo o que é direito, e da sua maldade mostrando misericórdia aos pobres. Talvez assim se prolongue a sua prosperidade.’”
28Tudo isso aconteceu com o rei Nabucodonosor.
29Doze meses mais tarde, o rei estava caminhando no terraço do palácio real de Babilônia.
30Ele dizia: “Não é esta Babilônia, a grande, que eu mesmo construí para a casa real, com minha própria força e poder, e para a glória da minha majestade?”
31Enquanto a palavra ainda estava na boca do rei, uma voz veio dos céus: “Esta mensagem é para você, ó rei Nabucodonosor: ‘O reino se afastou de você,
32e você será expulso do meio da humanidade. Sua morada será com os animais selvagens; receberá vegetação para comer, como os touros; e passarão sobre você sete tempos, até que reconheça que o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e que ele o dá a quem quiser.’”
33Naquele instante se cumpriu a palavra em Nabucodonosor. Ele foi expulso do meio da humanidade e começou a comer vegetação como os touros, seu corpo foi molhado pelo orvalho dos céus, até que o seu cabelo ficou comprido como penas de águia, e as suas unhas eram como garras de aves.
34“No fim daquele período, eu, Nabucodonosor, olhei para o céu, e meu entendimento voltou a mim. E eu louvei o Altíssimo; dei louvor e glória Àquele que vive para sempre, porque o seu domínio é um domínio eterno, e o seu reino é de geração após geração.
35Todos os habitantes da terra são como nada diante dele, e ele age segundo a sua própria vontade com relação ao exército dos céus e os habitantes da terra. Não há ninguém que possa detê-lo ou dizer-lhe: ‘O que fizeste?’
36“Naquela ocasião meu entendimento voltou a mim, e a glória do meu reino, a minha majestade e o meu esplendor voltaram a mim. Meus altos funcionários e meus nobres me procuravam ansiosamente; fui restabelecido no meu reino, e foi-me dada uma grandeza ainda maior.
37“Agora, eu, Nabucodonosor, louvo, enalteço e glorifico o Rei dos céus, porque todas as suas obras são verdade e os seus caminhos são justiça, e porque ele pode humilhar os que andam com orgulho.”