Ezequiel 23
2“Filho do homem, era uma vez duas mulheres, filhas de uma mesma mãe.
3Elas se prostituíram no Egito e se desonraram ainda jovens. Lá foram apertados os seus peitos, lá foi apalpado o seu seio virginal.
4A mais velha chamava-se Oola, e sua irmã, Ooliba; pertenceram a mim, e me deram filhos e filhas. Seus nomes: Oola é Samaria; Ooliba, Jerusalém.*
5Oola foi infiel e tornou-se louca de amores por seus amantes: os assírios, vizinhos dela,
6vestidos de púrpura, governadores e chefes, jovens sedutores, cavaleiros montados.
7Ela prodigalizou seus encantos a essa elite dos assírios, e, junto de todos esses por quem se achava seduzida, maculou-se com seus ídolos.
8Não renunciou às suas devassidões do Egito, desde o tempo em que haviam dormido com ela ainda jovem, acariciando os seus seios virginais, cobrindo-a de torpezas;*
9por isso, entreguei-a a seus amantes, os assírios, por quem ela ansiava;
10eles descobriram-lhe a nudez, tomaram seus filhos e filhas, e a degolaram a golpes de espada. Foi um exemplo para as mulheres, porque justiça lhe foi feita.
11Sua irmã Ooliba havia sido testemunha disso; ela, porém, foi piorando em seus amores, e foi ainda mais depravada que sua irmã.
12Prostituiu-se aos assírios, governadores e chefes, seus vizinhos, esplendidamente vestidos, cavaleiros montados, jovens sedutores.
13Vi que também ela se desonrava, seguiam ambas o mesmo caminho.
14Ela, todavia, foi mais longe em suas depravações; quando viu homens desenhados no muro, figuras dos caldeus pintados a vermelho,
15levando cintos sobre os rins e tiaras na cabeça, todos como grandes senhores, retratos de babilônios saídos da Caldeia,
17E os filhos da Babilônia a ela vieram, para o leito de seus amores; conspurcaram-na com suas devassidões. Apenas foi aviltada, seu coração sentiu ódio deles.
18Mas, como havia patenteado suas sem-vergonhices e descoberto sua nudez, eu me desgostei dela, como me havia magoado de sua irmã,
19porque ela multiplicou os seus desregramentos, lembrando o tempo de sua mocidade, quando ela se desonrava no Egito.
20Ela ardeu ali em amor por luxuriosos, cujo membro era como um membro de asno, e sua lubricidade igual à dos cavalos.
21Voltaste às licenciosidades de tua juventude, do tempo em que os egípcios apertavam teus peitos, e afagavam teu seio juvenil;*
22e, devido a isso, Ooliba, eis o que diz o Senhor Javé: eu vou excitar contra ti todos os amantes dos quais te desgostaste; vou trazê-los contra ti de todos os lados:
23os babilônios, e os caldeus, e Facud, e Soa, e Coa, com eles os assírios jovens e belos, todos os governadores e chefes, guerreiros e cavaleiros montados,*
24que marcharão contra ti com armas, carros e carruagens, e toda uma multidão de povos. Eles levantarão escudos e couraças contra ti de todos os lados; e eu lhes entrego o teu julgamento; procederão de conformidade com as suas leis.
25Eu desencadeio meu ciúme contra ti; eles te tratarão com fúria e te cortarão o nariz e as orelhas; os que restarem dos teus perecerão pela espada. Eles tomarão teus filhos e filhas; o resto será devorado pelo fogo.
26Eles te despojarão de tuas vestes, levarão tuas joias.
27Assim porei fim a teus crimes, e a tuas depravações começadas no Egito; não mais levantarás os olhos para eles, não mais te hás de lembrar do Egito.
28Pois eis o que diz o Senhor Javé: vou entregar-te àqueles que odeias, de quem te desgostaste; eles hão de tratar-te odiosamente.
29Arrebatarão o fruto do teu trabalho; eles te deixarão nua, descoberta, expondo a vergonha de tuas impudicícias, depravações e prostituições.
30Eis o que te sucederá devido às tuas luxúrias com as nações, e tuas depravações com os ídolos.
31Seguiste o mesmo caminho que tua irmã, e devido a isso eu porei o seu cálice em tua mão.
32Eis o que diz o Senhor Javé: beberás o cálice de tua irmã, cálice largo e profundo, que provocará motejo e riso, tamanha é a sua dimensão.
33Ficarás cheia de embriaguez e de dor: é uma taça de entorpecimento e terror, a taça de tua irmã Samaria.
34Bebe-a! Esvazia-a! Morderás até os cacos, e te rasgarão os seios. Sou eu que o digo – oráculo do Senhor Javé.
35Pois, eis o que diz o Senhor Javé: porque tu me esqueceste e lançaste atrás das costas, carregarás tu também o peso de tua criminosa prostituição”.
36Disse-me o Senhor: “Filho do homem, não vais julgar Oola e Ooliba, e denunciar-lhes as abominações?
37Elas cometeram adultério, há sangue em suas mãos; elas fornicaram com os ídolos; e os filhos a quem deram à luz fizeram-nos passar pelo fogo para queimá-los.
38Eis ainda o que me fizeram: desonraram o meu santuário e profanaram os meus sábados.
39No mesmo dia em que imolaram seus filhos a seus ídolos, penetraram em meu santuário para profaná-lo, eis o que fizeram em minha própria casa.
40Fizeram mais. Mandaram buscar homens de terras longínquas, os quais acorreram, logo que receberam a mensagem; para eles, tu te banhaste, pintaste os olhos, puseste os teus adornos.
41Tu te assentaste sobre um leito aparatoso, em frente ao qual estava preparada uma mesa, onde tu tinhas posto o meu incenso e o meu óleo;
42ouvia-se o barulho de uma multidão satisfeita; a essa massa de homens se juntavam os bêbados do deserto, que metiam braceletes nas mãos das duas irmãs e coroas esplêndidas em suas cabeças.
43Então, disse eu àquela que envelhecera nos adultérios: Pois ela, também ela, prossegue ainda em suas depravações!
44Entram pela casa dela como pela de uma prostituta. É assim que frequentavam Oola e Ooliba, essas mulheres perdidas!
45Os justos, porém, vão julgá-las, como se faz com as adúlteras, e com aquelas que derramam sangue, porque são, de fato, adúlteras; suas mãos estão manchadas de sangue.
46Pois eis o que diz o Senhor Javé: que suba contra elas uma assembleia! Sejam entregues à exação e à pilhagem!
47Que se reúna o povo para apedrejá-las, e cortá-las em pedaços pela espada. Que se matem seus filhos e suas filhas, e sejam incendiadas suas moradas!
48Dessa forma, porei termo aos crimes da terra, e todas as mulheres aprenderão a não imitar vossa luxúria.
49Recairão sobre vós as vossas devassidões, e carregareis o peso da vossa idolatria. Conhecereis, assim, que sou eu o Senhor Javé”.