Pastor de Hermas 51
Terceira Parábola
1Caminhava eu para o meu campo e, observando um olmeiro e uma videira, refletia sobre essas árvores e seus frutos.
2Então o Pastor me apareceu e disse: "O que pensas sobre o olmeiro e a videira?" Eu respondi: "Senhor, penso que eles se completam perfeitamente." Ele disse: "Essas duas árvores existem para servir de modelo aos servos de Deus." Eu pedi: "Desejaria saber o modelo que podem oferecer essas árvores das quais falas." Ele perguntou: "Vês o olmeiro e a videira?" Respondi: "Sim, senhor." Ele continuou: "A videira produz frutos, mas o olmeiro é estéril.
3Entretanto, se essa videira não se prende ao olmeiro, fica estendida no chão e não produzirá frutos.
4Os frutos que produzir apodrecerão, se ela não estiver suspensa no olmeiro.
5Vês, portanto, que o olmeiro também dá muitos frutos, não menos que a videira, e até mais." Eu perguntei: "Por que mais, Senhor?" Ele respondeu: "Porque a videira suspensa no olmeiro dá muitos frutos belos, ao passo que estendida no chão só produz frutos podres e poucos.
6Essa parábola vale para os servos de Deus, o pobre e o rico." Eu perguntei: "Senhor, como assim?
7Explica-me." Ele respondeu: "Escuta.
8O rico tem muitos bens, mas aos olhos do Senhor ele é pobre, porque se distrai com suas riquezas.
9A oração e a confissão ao Senhor não lhe são importantes e, se ele as faz, são breves, fracas e sem nenhum poder.
10Contudo, se o rico se volta para o pobre e atende às suas necessidades, crendo que o bem que ele fez ao pobre poderá encontrar sua retribuição junto a Deus (porque o pobre é rico por sua oração e confissão, e sua oração tem grande poder junto de Deus), então o rico atende sem hesitação às necessidades do pobre.
11Assim, o pobre, socorrido pelo rico, reza por ele e agradece a Deus pelo seu benfeitor; este, por sua vez, redobra o zelo para com o pobre, para que não lhe falte nada na vida, pois sabe que a oração do pobre é bem acolhida e rica junto a Deus.
12Desse modo, ambos cumprem sua tarefa: o pobre o faz mediante sua oração, que é sua riqueza recebida do Senhor.
13Ele a devolve ao Senhor na intenção daquele que o ajuda.
14E o rico, sem hesitação, dá ao pobre a riqueza que recebeu do Senhor.
15Essa é uma ação nobre e bem acolhida por Deus, porque o rico compreendeu perfeitamente o sentido da sua riqueza e partilhou com o pobre os dons do Senhor, cumprindo assim, convenientemente, a sua tarefa.
16Para os homens, o olmeiro parece não produzir fruto.
17Eles não ignoram e não compreendem que, se vier seca, o olmeiro, que conserva água, nutre a videira, e esta, continuamente provida de água, produz o duplo de frutos, para ela mesma e para o olmeiro.
18Da mesma forma, os pobres, rezando ao Senhor para os ricos, asseguram pleno desenvolvimento às riquezas deles.
19Por sua vez, os ricos, atendendo às necessidades dos pobres, dão satisfação à sua alma.
20Portanto, ambos participam da ação justa.
21Quem age assim não será abandonado por Deus, mas será inscrito no livro dos viventes.
22Felizes os que possuem e compreendem que o Senhor preserva suas riquezas, pois aquele que o compreende poderá também prestar bons serviços."