Pastor de Hermas 22

Irmãos, esta é a visão que tive vinte dias depois da última, prefigurando a tribulação que se aproxima.
Eu caminhava pela Via Campana para o meu campo, situado a uns dez estádios da via pública. O lugar é de fácil acesso.
Caminhando sozinho, pedi ao Senhor que completasse as revelações e as visões que me enviou por meio de sua santa Igreja, a fim de me fortalecer e conceder a conversão aos seus servos que tropeçaram.
Desse modo, seu nome sublime e glorioso será glorificado, pois ele julgou-me digno de me mostrar suas maravilhas.
Eu o glorificava e lhe dava graças, quando um ruído de vozes me respondeu: Não duvides, Hermas.
Comecei então a refletir e disse a mim mesmo: Que razões teria eu para duvidar, eu que sou assim sustentado pelo Senhor e que vi essas maravilhas?
Avancei um pouco, irmãos, e então vi uma nuvem de poeira que se levantava até o céu, e perguntei: Será algum rebanho que se aproxima e levanta a poeira?
A nuvem estava mais ou menos a um estádio de mim.
Mas ela aumentava cada vez mais e eu suspeitei que fosse algo divino.
Nesse momento, o sol brilhou um pouco, e então pude ver uma fera enorme, parecida com a baleia.
E da sua boca saíam gafanhotos de fogo.
A fera tinha cerca de cem pés de comprimento, e sua cabeça era do tamanho de um barril.
Comecei a chorar e a pedir ao Senhor que me livrasse do monstro.
Lembrei-me da palavra que tinha ouvido: Não duvides, Hermas.
Então, irmãos, revesti-me da em Deus, lembrei-me de seu ensinamento sublime e, num arroubo de coragem, me expus diante da fera.
Ela avançava com grande estrépito, capaz de destruir uma cidade.
Aproximei-me, e a enorme baleia se estendeu pelo chão, apenas pondo para fora a língua.
Ela não fez nenhum outro movimento, até que passei por ela.
A fera tinha quatro cores na cabeça: preto, avermelhado de fogo e sangue, dourado e branco.