Capítulos
Evangelho de Nicodemos (ou Atos de Pilatos)
Autoria e Data de Composição
O Evangelho de Nicodemos, também conhecido como Atos de Pilatos, é um texto apócrifo que relata os eventos relacionados ao julgamento, crucificação e ressurreição de Jesus Cristo. Embora tradicionalmente atribuído a Nicodemos, um fariseu mencionado no Evangelho de João, o texto provavelmente foi composto entre os séculos III e IV d.C., com algumas partes possivelmente anteriores. As seções mais antigas do livro apareceram primeiro em grego. O texto contém múltiplas partes, que são diferentes em estilo e parecem ter sido feitas por diferentes mãos. A mais antiga — um fictício “Relato de Pilatos ao Imperador Cláudio”, inserida como um apêndice— parece ter sido composta no final do século II d.C., sendo que as demais são posteriores.
Justino, em 150, menciona em seus escritos um texto chamado Atos de Pôncio Pilatos:
“E estas coisas aconteceram e vocês podem comprová-las pelos Atos de Pôncio Pilatos.”Justino Mártir, Apologia I, 35
A obra era originalmente conhecida como Atos de Pilatos. Ainda que o autor não alegue ser Pilatos, certamente alega ser derivado dos atos oficiais preservados no pretório em Jerusalém. Um alegado original Hebreu é falsamente atribuído a São Nicodemos, daí o título “Evangelho de Nicodemos” que a obra recebeu durante a Idade Média quando ficou popular.Não há registro histórico sobre uma suposta conversão de Pôncio Pilatos ao Cristianismo.
Na versão disponibilizada aqui, menciona-se Flávio Teodósio (Teodósio II, imperador romano) e Flávio Valentino (Valentiniano III), o que situa a composição desse prefácio especificamente entre os anos 425-430 d.C.
Menções no Canon da Bíblia
Nicodemos é mencionado no evangelho de João como um fariseu que respeitava e simpatizava com o ministério de Jesus (
e ), e que juntamente com José de Arimateia sepultou o corpo de Jesus .Estrutura e Conteúdo
O autor narra os episódios da Crucificação e da Ressurreição, mas nada acrescenta aos Evangelhos canônicos. Curioso é observar que ele cita o local da Crucificação como sendo o horto onde Cristo foi aprisionado, o Getsêmani, situado ao pé do Monte das Oliveiras.
- Julgamento de Jesus perante Pilatos —
- Defesa de Jesus por Nicodemos —
- Crucificação e morte de Jesus —
A segunda parte do livro é a Descida de Cristo ao Inferno, que é uma narrativa da descida de Jesus ao inferno após sua morte na cruz, onde ele liberta os justos do Antigo Testamento e os leva ao céu. O texto é uma das primeiras referências à descida de Cristo ao inferno e foi muito popular na Idade Média.