Jó 35

Respondeu mais Eliú, dizendo:
Tens por direito dizeres: Maior é a minha justiça do que a de Deus?
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Eliú acusa Jó de se considerar mais justo que Deus (versículo controverso, pois Jó nunca afirmou isso explicitamente). Isso reflete um mal-entendido comum sobre a relação entre justiça humana e soberania divina na teologia do sofrimento.
Porque disseste: De que me serviria? Que proveito tiraria mais do que do meu pecado?
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Jó questiona o benefício prático da retidão - tema existencial que ecoa em Eclesiastes 1:3. A dúvida sobre a utilidade da virtude sem recompensa imediata permanece atual.
Eu te darei resposta, a ti e aos teus amigos contigo.
Atenta para os céus, e vê; e contempla as mais altas nuvens, que são mais altas do que tu.
Se pecares, que efetuarás contra ele? Se as tuas transgressões se multiplicarem, que lhe farás?
Se fores justo, que lhe darás, ou que receberá ele da tua mão?
A tua impiedade faria mal a outro tal como tu; e a tua justiça aproveitaria ao filho do homem.
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Eliú argumenta que a justiça humana só beneficia outros seres humanos, não a Deus. Essa visão será contestada posteriormente na Bíblia, especialmente nos ensinos sobre o valor da justiça social (Provérbios 19:17).
Por causa das muitas opressões os homens clamam por causa do braço dos grandes.
Porém ninguém diz: Onde está Deus que me criou, que dá salmos durante a noite;
Que nos ensina mais do que aos animais da terra e nos faz mais sábios do que as aves dos céus?
Clamam, porém ele não responde, por causa da arrogância dos maus.
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A afirmação de que Deus não responde aos clamores por causa da arrogância dos maus é problemática, pois o próprio Jó era íntegro (Jó 1:1). Revela a limitação da teologia da retribuição imediata defendida pelos amigos de Jó.
Certo é que Deus não ouvirá a vaidade, nem atentará para ela o Todo-Poderoso.
E quanto ao que disseste, que o não verás, juízo há perante ele; por isso espera nele.
Mas agora, porque a sua ira ainda não se exerce, nem grandemente considera a arrogância,
Logo Jó em vão abre a sua boca, e sem ciência multiplica palavras.
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A crítica de Eliú sobre Jó falar 'sem ciência' será ironicamente aplicada ao próprio Eliú em Jó 38:2, quando Deus o interpela.